quinta-feira , 20 março 2025
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Filho de prefeito e secretária de Finanças estão entre os presos em operação do Gaeco

Esquema criminoso desviou mais de R$ 10 milhões por meio de licitações fraudulentas; empresários e servidores públicos são investigados.

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), em parceria com o Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), deflagrou na manhã desta terça-feira (18) a Operação Malebolge, com o objetivo de desarticular um esquema de fraudes em licitações que desviou mais de R$ 10 milhões no Mato Grosso do Sul.

A ação cumpriu 11 mandados de prisão preventiva e 39 mandados de busca e apreensão. Entre os presos estão Fernando Passos Fernandes, filho do prefeito de Rochedo, e Denise Rodrigues Medis, secretária de Finanças de Água Clara.

Principais investigados e esquema de fraudes

Um dos principais alvos da operação é Fernando Passos Fernandes, diretor de licitação de Rochedo e filho do prefeito Arino Fernandes (PSDB). Ele já havia sido investigado anteriormente na Operação Turn Off, que apurava fraudes em licitações para a compra de equipamentos de fisioterapia e informática.

Outro envolvido é Renato Franco do Nascimento, servidor de Rochedo, que, segundo as investigações, colaborava diretamente com as fraudes, facilitando a aprovação dos processos licitatórios fraudulentos.

Além disso, a secretária de Finanças de Água Clara, Denise Rodrigues Medis, também foi presa, acusada de manipular processos licitatórios para favorecer empresas parceiras do esquema. Outras servidoras, Ana Carla Benette e Jânia Alfaro Socorro, lotadas na Secretaria de Educação de Água Clara, foram presas sob suspeita de participação no esquema.

Empresas de fachada e fraudes nas licitações

A investigação revelou que o grupo criou empresas fictícias para fraudar licitações, operando em diversas frentes comerciais. As empresas tinham Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) ampla, permitindo a participação em contratos públicos para fornecimento de materiais diversos, incluindo:

  • Materiais de escritório
  • Alimentos
  • Manutenção de veículos
  • Confecção de uniformes
  • Materiais de pintura
  • Aluguel de máquinas
  • Reparação de equipamentos de refrigeração e ventilação
  • Transporte de cargas
  • Comércio de peças e acessórios para motocicletas e bicicletas

Estratégia criminosa e histórico das investigações

A operação identificou que a organização criminosa atuava em Água Clara e Rochedo, com núcleos distintos, mas interligados pelo mesmo modus operandi. Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), um empresário era o articulador do esquema, cooptando servidores públicos corrompidos para fraudar processos licitatórios e direcionar contratos para empresas envolvidas no crime.

A Operação Malebolge foi desencadeada com base em provas obtidas na Operação Turn Off, realizada em 2023, que investigava fraudes semelhantes relacionadas ao fornecimento de materiais para o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS).

Reação das autoridades e apoio à operação

A reportagem tentou contato com as prefeituras citadas. O único a se manifestar foi o prefeito de Rochedo, Arino Jorge Fernandes, que negou qualquer relação com os esquemas fraudulentos.

“Não é da minha gestão. Estou na prefeitura há 40 dias. Apreenderam documentos e já foram embora. Já está todo mundo trabalhando nos órgãos públicos”, afirmou o prefeito, que anteriormente atuava como vice-prefeito na cidade.

A operação contou com o suporte do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

Origem do nome “Malebolge”

O nome da operação faz referência à obra “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, onde “Malebolge” representa uma região do inferno destinada à punição de fraudadores e corruptos.

As investigações continuam para identificar outros envolvidos e rastrear os valores desviados.

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